CBG – Confederação Brasileira de Golfe
discriminação, preconceito e racismo no golfe profissional brasileiro.

28/02, 2020

Recentemente a Confederação Brasileira de Golfe – CBG organizou um curso para treinadores, sem consultar a entidade que congrega e representa os profissionais de golfe brasileiros, a Associação Brasileira dos Profissionais de Golfe – PGA Brasil e limitou inscrições direcionando apenas para alguns profissionais e formados em educação física, estes, sem o mínimo conhecimento das técnicas do golfe.

Para a maioria dos profissionais de golfe e principalmente os Diretores da entidade, tal atitude demonstra uma grave violação de direitos constitucionais da entidade e de toda a categoria profissional.

 Mesmo não havendo ofensas diretas ao profissional, rigor excessivo e separação diferenciadas podem configurar ato discriminatório. Com tal ação, a grande maioria dos profissionais foram totalmente ignorados e tratados de forma bruta e arrogante, por funcionários e diretores da entidade do golfe amador, ao indagarem sobre o curso acima mencionado.  

A matéria traz à tona uma discussão e problema que vem atingindo a nossa categoria, em sua modalidade profissional,  há vários anos.   Verificamos que desde antes das Olimpíadas de 2016, a CBG se apresenta como representante dos profissionais, quando não tem, nem alguma vez teve, essa condição.   Resulta que o processo está invertido e buscamos uma solução que nos favoreça, considerando que existe uma falta de respeito ao nosso direito resguardado na legislação brasileira, daqueles que há mais de 50 anos exercem esta profissão.

Queremos que as entidades da classe amadora, Federações e CBG, cultivem e pratiquem o devido respeito à nossa entidade e a todos os nossos profissionais, independente da origem, raça, cor ou nível social, já que mais de 80% foram caddies, antes de passarem por avaliação prescrita nos Estatuto de PGA do Brasil, para se tornarem profissionais. Além disso, que seus diretores lembrem que os amadores que fazem parte do quadro de jogadores de clubes, foram e são orientados e formados por nós, profissionais.    

Um breve histórico vem a calhar.

Golfe, um esporte dos bastões, chegou ao Brasil por intermédio dos ingleses, que vieram construir no país ferrovias e minas.  Por natureza reservada e devido às dificuldades linguísticas, os clubes de golfe criados no Brasil não oportunizaram a necessária e conveniente popularização do esporte e, raramente, admitiam brasileiros como profissionais para trabalhar com o ensino do golfe.  Preferiam trazer, do ambiente externo, profissionais para ocupar essas necessidades nos poucos clubes existentes no Brasil.

 

Entretanto, a inteligência do brasileiro e sua vocação natural para o esporte, fizeram surgir uma classe trabalhadora de profissionais de golfe, que compreende os seguintes elementos e categorias:

CADDIE – o profissional responsável por atender e auxiliar os jogadores no campo, durante uma partida de golfe.  São os verdadeiros auxiliares do golfe por atuarem como instrutores e conselheiros durante os jogos, sejam treinos ou competições.  Um personagem “especial”, denominado pelos americanos, porque dominam toda a técnica somente olhando.  Muitos iniciaram esse trabalho aos 10 anos de idade, buscando o sustento próprio e de suas famílias, através do dinheiro que ganham dos golfistas, para carregar as taqueiras.  Eles se tornaram os grandes gurus do golfe.

CADDIE MESTRE – como lógica ele é um caddie com muita experiência e que atua como responsável pelos demais Caddies.  Nesta posição, o Caddie Mestre pode atuar também como starter, ou mesmo como assistente do profissional do clube, como forma de alcançar a promoção na carreira e se tornar um profissional de golfe, seja de clube ou como jogador.

JOGADOR – é o atleta que, durante toda a sua carreira, que normalmente teve início entre os 5 e 18 anos de idade, praticando o golfe de forma a buscar carreira com o esporte e o seu sustento através do dinheiro ganho, estabelecido nos prêmios dos torneios. Muitos são de origem humilde, sem estudos,  ex-caddies, mas excelentes desportistas.  No Brasil, devido a não popularização do golfe, eles fazem as duas coisas ao mesmo tempo, jogam torneios e trabalham em clubes. Eles se tornam instrutores e grandes treinadores do golfe. 

PROFESIONAL DE GOLFE – Trabalhando em um clube de golfe, ele atua em várias áreas de operações do golfe e principalmente no setor de educação como instrutor e treinador, atualiza e treina os praticantes do esporte, adultos, jovens e crianças.  Também organiza eventos e torneios, ajuda a organizar a casa de tacos e os Caddies.

PROFESIONAL HEAD-PRO – é o profissional que domina todas as vertentes das diferentes áreas do golfe.  É o gerente, supervisor e coordenador de todas as atividades dos vários departamentos e, as operações do golfe. Ele orienta, capacita e lidera a equipe de profissionais do clube, trata diretamente com a diretoria do clube, representa o clube e o golfe junto à imprensa e as repartições públicas.   

Esta matéria tem a missão derradeira de manifestar nosso descontentamento com os atos discriminatórios, racistas e preconceituosos por parte da entidade máxima dos atletas amadores.    

Prevendo que a matéria saia à luz de todos, com ênfase à nossa autonomia como entidade e representante dos profissionais brasileiros, nos surpreende que ninguém perceba que enquanto eles não tentavam se envolver ou se aproveitar dos profissionais, tudo andava muito bem, e os profissionais respeitavam as regras tanto do golfe como da entidade a qual estavam filiados, a PGA Brasil. Considerando que nem confederação nem federações do golfe, segundo as regras desse esporte, contemplam profissionais em suas organizações, as atitudes da CBG só podem estar lincadas às polpudas verbas que recebem do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e de outras organizações, para desenvolver o golfe no Brasil.

No entendimento de Luiz Martins, ex-presidente da PGA Brasil por 6 gestões, atitudes discriminatórias adotadas por pessoas das entidades amadoras, detentores de cargos em diretoria, devem ser coibidas, pois constituem óbice à construção de um golfe profissional mais justo, inclusivo e solidário.

Em sua passagem à frente dos profissionais, desde os idos de 1997, Luiz Martins realizou o que era almejado por todos, mas considerado impossível, criando:  o “Unibanco AIG Bratour”, com 22 torneios por ano, o “SAMSUNG Masters” (bolsa de US$200.000,00),  o “LG PGA Championship” (bolsa de US$200.000,00),  Pro-Am’s para jovens, adultos e damas, a “Escola de Profissionais de Golfe” e vários outros projetos para o desenvolvimento do golfe profissional nacional. 

 Esta é uma questão simples.

 As linhas estão bem claras:  o professor de qualquer  escola, só pode ser professor se, antes, houver sido aluno;  o treinador de futebol só pode ser treinador de futebol se antes houver praticado o  esporte bretão.   Não é diferente com o golfe:  é absurdo pensar-se que alguém seja instrutor ou treinador de golfe sem nunca ter jogado golfe na vida.   E, mais: essa experiência requer um mínimo de 10 anos de treinamento, treinamento e árduo treinamento…   É muito importante compreender que  “experiência própria”  e  “treinamento de terceiro”  são dois papéis vitais e não pertencem a silos separados; são simbióticos, complementares, dois círculos concêntricos que garantem o desenvolvimento completo, tanto do profissional, quanto do atleta.   Dizemos “atleta do golfe” e não simplesmente “jogador de golfe”;   a PGA Brasil tem bastante claros este dois conceitos.

Mas o tema principal trata de toda a categoria profissional, toda a classe trabalhadora no golfe, que lutou e luta honestamente pelo direito de exercer sua profissão, representando-se e sendo representada por legítimos integrantes da categoria profissional.  

“Temos que dar um basta e não permitir que se estabeleça no Brasil mais uma injustiça com os trabalhadores do golfe, os que o praticam profissionalmente”, são palavras de Luiz Martins, que nos encorajam.

 

Mirco Espejo
Coordenador de Imprensa

Deja un comentario

Tu dirección de correo electrónico no será publicada. Los campos obligatorios están marcados con *